O grande sonho de um antigo morador da rua Jorge Rudge, em Vila Isabel, era apertar a mão do vizinho Jamelão. O sujeito era fã de carteirinha e já havia confessado a sua admiração aos amigos em inúmeras rodinhas de chope, no Bar da Cachopa.
Foi numa manhã de terça. O sujeito estava passeando com o netinho no colo quando viu Jamelão retornando da feira. Ficou alucinado. Finalmente, chegara o grande momento!
Virou a criança de lado – era um menino lourinho, de uns nove ou dez meses – e ficou falando para ele, todo assanhado:
- Olha quem vem lá, filhinho! É o Jamelão! É o Jamelão! É o Jamelão, meu netinho...
Jamelão continuou caminhando no mesmo compasso, até se aproximar do sujeito. Pousou a bolsa de compras no chão e disse-lhe, secamente:
- Puxa-saco. Por acaso ele me conhece?
Pegou a bolsa de compras novamente e seguiu adiante.
Copyright Cláudio Vieira – 2009
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