sexta-feira, abril 03, 2009

Laudenir, o ponta-esquerda


Conheci Beto-Sem-Braço quando ele era apenas Laudenir Casemiro e vendia limões na feira. 

Eu ainda era garoto e Laudenir já frequentava a mercearia de meus pais, na rua Conselheiro Correa, em Vila Isabel. O assunto no balcão era sempre futebol.

Laudenir jogava bem e não eram poucas as histórias que contavam a seu respeito, atuando na ponta esquerda do Monte Alverne – um time que usava um uniforme igual ao do Botafogo e era a sensação das manhãs de domingo, no antigo campo da América Fabril (atual centro eletrônico do Banco do Brasil, na rua Barão de São Francisco, próximo ao shopping Iguatemi, no Andaraí). 

Um dia, fui ver o Monte Alverne jogar. E lá estava Laudenir, na canhota, ciscando, atrevido, pra cima dos zagueiros. Com um braço só. 

Num contra-ataque do Monte Alverne, Dequinha – um meia-armador que jogava o fino – esticou para Laudenir, rente à linha lateral. O zagueiro adversário conseguiu se antecipar e cortou com a ponta da chuteira, jogando a bola pra fora.

Tentando pegar a defesa adversária desprotegida, Dequinha correu na direção do ponta, pedindo:

- Bate logo o lateral, bate! 

Laudenir olhou enfurecido para o companheiro, balançando o cotoco:

- Como, pô?!

Até o juiz achou graça.

Copyright Cláudio Vieira – 2009

Proibida a reprodução – no todo ou em parte do texto – sem a autorização do autor.


Nenhum comentário: