segunda-feira, março 16, 2009

As empadinhas do Gibi

Passo pela calçada da Rua do Riachuelo e encontro o antigo depósito de artigos de carnaval fechado. As portas foram cerradas desde a morte de Gibi, em agosto do ano pasado.

De vez em quando, antes de ir para o jornal – a 150 m dali -, parava para ouvir as histórias do ex-compositor da Mocidade e da Imperatriz. Walter Pereira, o Gibi, foi autor de “Ziriguidum 2001” entre outros sambas-enredos que deixaram saudades. A minha história favorita era a das empadinhas e não me cansava de ouví-la.

Gibi estava concorrendo à disputa de sambas em Padre Miguel. Na noite da finalíssima, para surpresa dos próprios parceiros, Gibi mandara distribuir centenas de empadinhas de queijo na quadra, quentinhas, saidinhas do forno. O cheirinho gostoso tomou conta do ambiente e logo a torcida do samba rival fez a farra - o que deixou os parceiros de Gibi irritados.

- Qualé, Gibi, tratando o "inimigo" com empadinhas?! 

Gibi fez uma cara debochada, piscou o olho e respondeu:

- Quero ver eles cantarem o samba com a boca cheia de empada.

Copyright Cláudio Vieira – 2009

Proibida a reprodução – no todo ou em parte do texto – sem a autorização do autor.


Um comentário:

Cláudio Vieira disse...

O companheiro Miro Lopes deixou o seguinte comentário:

Grande Cláudio Vieira!

Saúde, paz e sorte!

Sua página está entre as minhas favoritas. Mais do que um grande
repórter e jornalista, Vc também é um excelente contador de histórias e
escritor. Tive a felicidade de conhecer e entrevistar Gibi e por isso
destaco, aqui, a história das empadinhas, entre as outras tantas que
acompanho pelo e no seu sambaonline.
Na verdade, estou somente chovendo no molhado.Parabéns!

Com admiração,

Miro (sem trocadilho).