Já havia postado o texto anterior quando duas ou três marteladas na consciência reativaram a minha memória.
Em meio a esse festival de feijoadas, há de se louvar o esforço solitário do presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, que promove, de vez em quando, bacalhoadas no antigo barracão, na Praça Mauá, e nos Portuários. Ainda não tive o prazer de conferir o norueguês ao vivo – honra que, aliás, a Imperatriz nos deu há coisa de dois ou três anos.
Foi no Alfaia, em Copacabana. No almoço de apresentação do enredo do bacalhau, a representante do Conselho Norueguês da Pesca, Kari Gulbrandsen, perguntou-me com toda a delicadeza e num sotaque levemente carregado nos erres:
- E aí, o que você achou de nosso enredo?
Diante daquela posta de um norueguês legítimo, de três densas camadas, respondi-lhe com toda propriedade:
- Pode até não ser o melhor, mas é, disparadamente, o enredo mais gostoso do ano.
Ah, o bacalhau! Lembro-me também da festa da vitória do Salgueiro, no Carnaval de 93. Miro Garcia mandou caprichar no bufê. Salgadinhos sobravam. Orgulhoso, o patrono confessou no meio de um bate-papo:
- Gosto de festa assim, com fartura. Me divirto vendo os convidados pisando em bolinhos de bacalhau.
Nada se compara, porém, à antiga República dos Camarões! Tão logo a Porto da Pedra chegou no Grupo Especial despejou sobre olhares incrédulos o seu invejável cardume de VGs!
Eram robustos, tenros, fantásticos! A maravilha dos sete mares!
Cheguei, certa vez, a sugerir ao saudoso Sérgio Oliveira, irmão do presidente Uberlan:
- Troca o tigre pelo VG! – Sérgio chegou a balançar. Ele, Lambel e Jorginho do Império (um dos mentores da Escola) deram gargalhadas. Imaginaram uma comissão de frente formada por apetitosos crustáceos.
Aí, baixa a crise. É tempo de feijoada.
Copyright Cláudio Vieira – 2009
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