Leiam a letra e deixem a mente vagar…
Vivia no litoral africano
Um régia tribo ordeira
Cujo rei era símbolo
De uma terra laboriosa e hospitaleira.
Um dia, essa tranquilidade sucumbiu
Quando os portugueses invadiram,
Capturando homens
Para fazê-los escravos no Brasil.
Na viagem agonizante,
Houve gritos alucinantes,
Lamentos de dor
Ô-ô-ô-ô,
Adeus, Baobá,
Ô-ô-ô-ô-ô,
Adeus, meu Bengo, eu já vou.
Estamos em 1963. Naquela época, as sinopses (os "históricos") eram robustas e ricas em detalhes. Não havia a menor pretensão em entregar versos semiprontos e rimas mastigadas para os compositores. Muito pelo contrário. A recomendação era de que pesquisassem ainda mais. Apesar da pouca escolaridade, os poetas daquele tempo frequentavam a Biblioteca Nacional. Tiravam suas dúvidas com professores de História e Português.
Ao longe, Minas jamais ouvia,
Quando o rei, mais confiante,
Jurou a sua gente que um dia os libertaria.
Chegando ao Rio de Janeiro,
No mercado de escravos
Um rico fidalgo os comprou,
Para Vila Rica os levou.
A idéia do rei foi genial,
Esconder o pó do ouro entre os cabelos,
Assim fez seu pessoal.
Todas as noites quando das minas regressavam
Iam à igreja e suas cabeças lavavam,
Era o ouro depositado na pia
E guardado em outro lugar por garantia
Até completar a importância
Para comprar suas alforrias.
Geraldo Babão, seu irmão Binha e Djalma Sabiá eram três poetas daquele tempo e apenas o último está vivo. Sabiá é o compositor mais antigo do Salgueiro - e aparece na foto acima, entre os tambores da Academia. Os três transformaram uma das páginas mais bonitas da História do Brasil em samba-enredo; e dele fizeram uma obra-prima.
Foram libertos cada um por sua vez
E assim foi que o rei,
Sob o sol da liberdade, trabalhou
E um pouco de terra ele comprou,
Descobrindo ouro enriqueceu.
Escolheu o nome de Francisco,
Ao catolicismo se converteu,
No ponto mais alto da cidade Chico-Rei
Com seu espírito de luz
Mandou construir uma igreja
E a denominou
Santa Efigênia do Alto da Cruz!
Um dia, Sabiá me deu a liberdade de fazer a seguinte pergunta:
- Quanto é que vocês gastaram para fazer esse samba?
Ele deu uma gargalhada gostosa e respondeu:
- O samba foi finalizado numa noite de junho, no meu barraco, no alto do Morro do Salgueiro. E gastamos exatamente o suficiente para comprar meio quilo de linguiça e uma garrafa de conhaque de alcatrão de São João da Barra, pra rebater o frio.
1964, Chico-Rei, Acadêmicos do Salgueiro.
Copyright Cláudio Vieira – 2009
Proibida a reprodução – no todo ou em parte do texto – sem a autorização do autor.
2 comentários:
È AMIGO, HOJE EM DIA SE VC NÃO COLOCAR TORCIDA,ONIBUS,FOGOS,PAGAR CERVEJA E OUTRAS COISA MAIS VC NÃO GANHA UM SAMBA ENREDO,TALVEZ O NOSSO SAMBA DA PORTELA PRA 2007 TENHA SIDO,NOS ÚLTIMOS ANOS,UMA RARA DEMONSTRAÇÃO DE QUE O SAMBA POR SI SÓ GANHA ,POIS NÓS 3(DIOGO,CIRANINHO E EU(CELSINHO DE ANDRADES)NÃO TINHAMOS DINHEIRO E A NOSSA TORCIDA SEMPRE FOI A NOSSA FAMILIA E ALGUNS AMIGOS,SÓ NA SEMI-FINAL E FINAL CONSEGUIMOS ALGUNS AMIGOS PARA 2 ONIBUS E FOGOS.
hOJE É DIFICIL GANHAR SAMBA SEM PATROCINIO EM TODAS AS ESCOLAS.
E AS SINOPSES HOJE JÁ VEÊM CHEIAS DE CITAÇÕES QUE NÃO PODEM FALTAR NA OBRA E AS PESQUISAS SÃO QUASE DESNECESSARIAS.
È AMIGO, HOJE EM DIA SE VC NÃO COLOCAR TORCIDA,ONIBUS,FOGOS,PAGAR CERVEJA E OUTRAS COISA MAIS VC NÃO GANHA UM SAMBA ENREDO,TALVEZ O NOSSO SAMBA DA PORTELA PRA 2007 TENHA SIDO,NOS ÚLTIMOS ANOS,UMA RARA DEMONSTRAÇÃO DE QUE O SAMBA POR SI SÓ GANHA ,POIS NÓS 3(DIOGO,CIRANINHO E EU(CELSINHO DE ANDRADES)NÃO TINHAMOS DINHEIRO E A NOSSA TORCIDA SEMPRE FOI A NOSSA FAMILIA E ALGUNS AMIGOS,SÓ NA SEMI-FINAL E FINAL CONSEGUIMOS ALGUNS AMIGOS PARA 2 ONIBUS E FOGOS.
hOJE É DIFICIL GANHAR SAMBA SEM PATROCINIO EM TODAS AS ESCOLAS.
E AS SINOPSES HOJE JÁ VEÊM CHEIAS DE CITAÇÕES QUE NÃO PODEM FALTAR NA OBRA E AS PESQUISAS SÃO QUASE DESNECESSARIAS.
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